Diário de 11 de Setemro a 19 de Setembro - S. TOMÉ

Desde o dia 7 de Setembro que “um grande barco” foi visto ao largo a descarregar contentores, pelo que passamos a semana inteira a obter guias, guiazinhas, autorizações e declarações, na esperança de reavermos os nossos pertences saídos de Lisboa a 19 de Agosto, bem como o material para a cooperação policial que trouxemos de Portugal.
Após tudo pago, na 6ª feira quando nos preparávamos para os desalfandegar, deparamo-nos com o seguinte cenário: carros e contentores a 10 m de altura e o único guincho do porto avariado.
Resumindo só na 3ª feira foi possível desfrutarmos das nossas coisas. Os miúdos ficaram loucos de alegria por reaverem os seus brinquedos e se sentirem de novo “em casa”.



No fim-de-semana não tendo ainda os óculos de mergulho nem as barbatanas, fomos novamente à descoberta.

Rumamos a Sul em direcção a Angolares. Desbravando terreno entre bananeiras chegamos à roça Água – IZÉ (motivo de pirraça do Zé à Kika).
Encontrando-se desactivada toda a produção industrial (desde os fornos de secagem, ao caminho de ferro e suas carruagens, até às casas de apoio) com existia no “tempo di branco” (como eles dizem), mantém-se ainda uma pequena produção de cacau.
Desde a sua colheita ata ao final da secagem manual, duram dois meses, depois é ensacado e enviado para “fora “ (de S.Tomé) para ser refinado.

No regresso parámos na estrada para apreciar os carrinhos de madeira feitos pelos miúdos, fundamentais não só para as suas brincadeiras mas também para o transporte de bules de água, lenha ou bananas. Não resistimos a comprar um.


Acabamos o dia na Boca do Inferno, local onde nos disseram para tomar cuidado para não sermos engolidos, e onde os mais afoitos tomam um belíssimo banho num lago formado numa cratera de rochas (prometemos fotografias).

Na 2ª feira a Kika começou a sua 4ª classe na escola Portuguesa.
Trata-se de uma escola pequena onde a 1ª classe é leccionada em conjunto com a 2ª e a 3ª com a 4, cumprindo o programa educativo estabelecido para Portugal.

À professora da Kika cabe-lhe a difícil missão de diariamente entre as 7 ao 12h dar aulas a 13 meninos do 3º ano e 9 do 4º, de nacionalidades diferentes (São Tomenses, Portugueses e um Russo), e com ritmos de trabalho bastante dispares.
A ginástica e a música também lhe foram incumbidas.

Felizmente que a prof é nova, cheia de genica e amante da sua profissão, condições essenciais para levar a bom porto, os reais desafios que os professores Portugueses neste País se deparam.

Esta semana deixo o registo da descarga e acondicionamento do segundo gerador no nosso jardim (com cerca de 500kg - içado e movido à mão), supostamente mais silencioso que o primeiro, mas realmente mais gastador e barulhento.



Ontem foi dia de luto nacional, o único barco que ligava S.Tomé ao Príncipe “entrou a pique” e morreram cerca de 13 mulheres e crianças. Os socorros demoraram 4 horas. No Coments.

Diário de 5 de Setembro a 11 de Setembro - S. TOMÉ

No fim-de-semana passado fomos a 2 sítios:

- No sábado: à roça Bombaim (ou roça bombaiáje segundo o Zé), local que o desiludiu quando percebeu que não havia carroça para andar).

- No domingo à praia das conchas no distrito de Guadalupe.


Roça Bombaim – 6 de Setembro – Dia das forças aramadas (S. Tomé estava em festa):

No caminho cruzamo-nos com motas transportando famílias inteiras e bolos de chantilly a céu aberto, “salvadores” de um pequeno leitão da boca de uma lagaia (espécie de raposa) e caçadores de búzios terrestres (que são um belo petisco).

Distando cerca de 45 min. da capital, trata-se de uma roça, cujas casas antigas se encontram abandonadas, mantendo no entanto um pequeno hotel em exploração onde se pode beber um belo café, beber água de palma (URGGGG), provar a mangustão (a melhor fruta de todas, segundo a Kika, rara em toda a ilha), almoçar ou mesmo, para os mais revivalistas, dormir.

À vinda parámos numa magnífica cascata, cujo mergulho indescritível, só poderá compreender quem nos vier visitar.

Praia das Conchas

O Domingo, foi passado de manhã na praia das Conchas, onde os banhos duraram cerca de 40 minutos, tal era a delícia da água.
Almoçamos em Neves, numa aldeia magníficas sapateiras, quer em tamanho quer em frescura, acompanhadas de banana frita e cerveja Creola.

Na aldeia, as crianças brincavam com carrinhos improvisados de madeira, saltitavam, cantavam e sorriam pedindo dona, dona: doce, doce, doce..., enquanto as mulheres faziam tranças umas às outras e assavam banana para comer.

Nesta zona de S. Tomé os animais, principalmente cães e porcos, são uma constante presença. São tantos que a Francisca já não pede para os levar
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Diário de 28 de Agosto a 4 de Setembro - S. TOMÉ

Faz hoje uma semana que chegamos a S. Tomé.
Cidade linda onde o contraste entre o mar e o verde é constante.

A fruta variadíssima: mamão, papaia, carambola, banana pão, banana maçã e jaca, são algumas das frutas que já conhecemos e que entraram no nosso dia a dia.

Os são-tomenses são simpáticos, afáveis e sempre prontos a ajudar, desde que isso não requeira muito do seu esforço.
Custa-me ainda acreditar que podemos andar com as janelas do carro abertas a qualquer hora do dia sem qualquer perigo.
Apenas se metem connosco para nos mandar beijinhos, pedir dinheiro (os calões que não querem fazer nada) ou doces (os miúdos).

As crianças são um encanto e transportam os bebés às costas desde os seus 6-7 anos. Todos trabalham, carregando alguidares com fruta, “bule” com água e tudo mais que for preciso.

Vivem um dia após o outro com o que têm, sem se preocuparem em ter muito mais (esta é a ideia que tenho actualmente).

A luz vai a baixo 2 a 3 vezes ao dia, por uma a duas horas, e só se safa quem tem gerador (pelo que, se tem que ter um “bule” de 25 litros de gasóleo sempre à mão).
Não tendo gerador, até a água falta, pois a bomba que puxa a água pára.

- Fernanda: empregada muito simpática e muito boa cozinheira

- Adérito: guarda cá de casa durante o dia. Tem 20 anos e já dois filhos. Toma conta do Zé na piscina.

- Félix: guarda de noite, veste um roupão e devia ficar acordado a noite toda, mas nem sempre isso acontece. Ensina-nos os animais que existem, mas para ele até uma minhoca mata. Barra o corpo com banha de cobra preta pois diz que é bom para os ossos. Anda sempre a trás de um bicho que diz ter espírito mau que se chama COROCOTÓ (parece uma carocha).
É igual aos pretinhos dos deuses devem estar loucos.
(redacção Kika)


O dia começa por volta das 6h, embora tenhamos acordado esta semana sempre por volta das 7h.
No período da escola, iniciam as aulas às 7h, vem a casa almoçar entre as 12 e as 14h e voltam à tarde para actividades complementares (inglês, informática, culinária, lazer, passeios...)

A professora do Zezinho é uma preta enorme, Paulinha de seu nome, muito simpática ri-se de tudo o que o nosso menino faz. É a directora do Arco-íris e vai ficar com os mais velhos (os dos 5 anos). Ao todo na sala são 8.
A escola tem baloiços, escorregas enquadrados num jardim lindo.
É ao lado da embaixada Portuguesa.
O Zé começa a escola já para a semana (graças a deus).

A escola da Kika é gerida pela mulher do adido da embaixada portuguesa para as forças militares. E as professoras serão portuguesas.
É bastante próxima da nossa casa
Vai usar saia e camisa de uniforme.
Começa a escola a 15 de Setembro e amanhã vai lá ver. Os manuais da Porto Editora foram os que usou na primeira classe (Bambi).

Aqui, de carro está-se em qualquer sítio da cidade em 5 minutos. Os miúdos já estão a aprender a conduzir comigo.
Tivemos que alugar um jipe para mim pois o contentor ainda não chegou.

Os miúdos já conhecem 2 famílias, ambas com 3 filhos, com crianças próximas das suas idades e amanha vêm cá a casa duas meninas à piscina.

A nossa pipa arfa todo o dia e quando o tempo está mais quente regamo-la.

Já sabemos onde e compra crepes, croissants com chocolate e bolicaos.
São sítios onde a nossa empregada nunca entrou.
Nesquick, cereais, creme hidratante... Existem, sendo no entanto produtos que rondam os 5 euros.

Graças a deus estamos todos óptimos de saúde, nem sequer diarreias. A história do mosquito não é assim tão má, até porque temos mosquiteiros em todas as janelas.
A alimentação é tão natural e rica, que acho os miúdos mais gordinhos.

No fim-de-semana passado andámos de barco a motor e fomos ao ilhéu Santana que tem uma gruta onde as andorinhas fazem os ninhos. Foi indescritível. O Zezinho não queria acabar o passeio e sair do barco.
A Kika já fez body board nas magníficas águas temperadas.
Trata-se de uma estância com bangalows. E que fica mais ao menos a 30 min. de carro, pois temos que andar devagar para não atropelar ninguém, nem nenhum animal: cabras, cães, porcos, galinhas...
Esperemos que o diário da próxima semana já tenha fotografias.

Por ultimo estamos a equacionar a hipótese de ir aí pelo natal, pois a Páscoa é só em Abril e teremos que jogar com as ferias dos miúdos. Atenção: Não passa de momento de uma intenção.