Diário de 13 de Novembro a 26 de Novembro - S.TOMÉ

Esta quinzena optámos por dar a conhecer um pouco da cidade de S.Tomé. Descoberta em 1471 por João Santarém e Pedro Escobar, esta cidade que se percorre em cerca de 40 minutos a pé, apresenta uma distribuição linear com quarteirões paralelos, todos eles repletos de edifícios coloniais, uns em bom estado, outros a aguardar por melhores dias.

Da mistura entre a beleza arquitectónica Portuguesa e os usos e costumes, cores e odores cada vez mais Africanos, resulta S.Tomé.

Para além do tradicional comércio de rua, onde se vende fruta, legumes à unidade e peixe, a compra de produtos de primeira necessidade faz-se:

- numa das duas ou três lojas de portugueses existentes, que vendem a troco de um enorme maço de notas, desde os cereais (a 75.000 dobras, aprox. 4€) à alheira de Mirandela (por 100.000 dobras =10 €)

- ou no mercado da cidade, cuja ida carece de mentalização prévia e de tempo seco para não escorregarmos, onde entre propostas de casamento, beijinhos e festinhas, podemos encontrar galinha viva, búzios, tecidos, bolas de Berlim, especiarias diversas, cartas, cadeados...
A todas as semanas é atribuído um nome. Já tivemos a semana do Sal (que é a mais frequente), a do Petróleo, a do Açúcar, a da Farinha, e mais recentemente a do Arroz e a do Feijão.
Esta semana temos a semana Natas.
Para a altura do Natal é esperada a semana Ovo e a semana Gás. Sabem porquê??????
Porque todas as semanas falta um produto, que é escusado procurar em toda a ilha.

À volta da cidade existem ainda quiosques de madeira, onde se instalam salões de beleza (de onde destaco o Fé em Deus), butecos, ou “postos de abastecimento” que independentemente do que vendem, fazem tranças e vendem recargas para telefone.

As técnicas de marketing, bem como a alegria no trabalho são uma constante. Não resistimos a fotografar o quiosque “Amor ao Trabalho”

O transporte é feito em táxis amarelos, que se enchem de pessoas até… ficarem cheios, não havendo limite de tara nem especificidade para a carga a transportar.
Durante o dia, enquanto está sol têm um preço, quando chove a tarifa aumenta.
Apanhar táxi-mota é quase suicídio, normalmente sem luzes e quem sabe, por vezes sem travões, tornam-se à noite, verdadeiras bombas invisíveis.

Seguro, seguro... só mesmo às costas das mamãs onde são colocados a partir dos 30 dias.

Para finaliza no dia 24 de Novembro festejamos o 9º aniversário da nossa Kika, que terminou já de noite, com os convidados todos dentro da piscina.

Diário de 31 de Outubro a 12 de Novembro - S.TOMÉ

Após a partida dos nossos primos, não tivemos outro remédio se não retomar a nossa preenchida agenda. No sábado dia 1 voltamos à roça Agua Ize, onde fomos recebidos por 5 meninas, que elegendo a mais afoita, fizeram as suas encomendas de Natal: “traz bunêca, roupa prá bunêca, sápato prá buneca, sápato prá mim, doci... não doci não, trás perfumi prá boneca, ...


No Domingo dia 2, fomos à Lagoa Azul, pois um novo programa de mergulho seguido de pic-nic à “Robin Crusoe”, estava apenas a aguardar por bom tempo para se concretizar.
E que dia... o zézinho aprendeu técnicas de escutismo (como fazer uma fogueira), o pai Zé a mergulhar em apneia e a tirar a mascara no fundo do mar, eu a não voltar a pisar as rochas sem sapatos de borracha (pois só assim me livrarei dos ouriços do mar). Para a nossa Kika, verdadeira amante de todos os animais, o Jõao Santos reservou-lhe uma festinha a um peixe balão, que foi de imediato devolvido ao mar após cumprimento das crianças.

No fim-de-semana de 9 e 10 de Novembro, estava-nos reservado para Sábado um almoço de anos de um ilustre amigo S. Tomense do Zé, que começou às 13h, e que se prolongou até Domingo. A banda tocou musicas S. Tomensnes, Angolanas, e ainda o Bailinho da Madeira, cujos portugueses presentes ensinaram a dançar.
Para além de dançarem os ritmos Africanos, os miudos tiveram ainda a oportunidade, auxiliados pela guarda do Presidente da Republica, de tirar uma fotografia com a tartaruga kuê-kua.

Antes de sairmos ceamos um saudoso e divinal queijo da serra.

No domingo, conforme prometido aos miúdos rumamos à ponta sul da Ilha., onde estão localizadas as melhores praias da ilha: A Praia Jalé a Praia Piscina.
Distando cerca de 70km do centro da cidade, foram precisas 2h para lá chegarmos e mais 2h para voltarmos, dado o lamentável estado da única estrada existente, bem como das pontes que outrora cruzaram os rios.
Mas valeu a pena. Depois do Zé conseguir destrancar o carro, que ficara fechado com as chaves lá dentro, com um atacador e uma tampa de uma garrafa de sumo furada, passamos o dia dentro de água.
O Zézinho e a Kika improvisaram uma esquadra de barcos com cascas de Cocos.

Foto 8

Diário de 23 de Outubro a 30 de Outubro - S. TOMÉ

Para fechar o Outubro em beleza, recebemos esta semana a visita do Pedro e da Sancha. Percorreram numa semana o país de Norte a Sul e tiraram mais de 300 fotografias. Segundo eles, qual Brasil, Moçambique ou Caraíbas... S.Tomé pela sua beleza azul esverdeada, que se vai alaranjando à medida que o sol se deita, é dos locais mais encantadores por onde alguma vez passaram.

Depois de concluída a semana de trabalho, no fim-de-semana acompanhamo-los nos seus passeios, aproveitando nós também para fotografar alguns locais históricos e conhecer outros sítios ainda não visitados:

Fabrica de Cacau - Cláudio Corallo:
Considerada uma das melhores fábricas do Mundo de cacau, durante 50 minutos viaja pelo Mundo do chocolate.
Não tendo sido possível eleger o melhor, entre os melhores (+ ou – puro, + ou - doce, crocante, com passas, com rum, gengibre, café ou laranja...), apenas ficou uma certeza: teremos que voltar, para melhor apreciar. Prometemos levar qualquer coisita no Natal.

De alma achocolatada rumamos à Praia dos Tamarinos, passando pela aldeia piscatória Morro Peixe, onde está instalado um ecomuseu - centro de incubação de tartarugas.
A recepção de boas vindas foi tão grande, que a ausência das tartarugas (que era expectável, dada a época do ano) não nos entristeceu.

No dia seguinte, uma vez que o tempo não estava famoso, fomos à roça Agostinho Neto, outrora Rio do Ouro pertencente á família Vale Flor.
Acompanhados pelo Sr Francisco, nascido, criado e agora saudoso do tempo da presença dos portugueses, visitamos uma das maiores, mais produtivas e certamente das mais bonitas roças de São Tomé.

O cenário de abandono do hospital e da maquinaria verificou-se novamente e os edifícios, ainda intactos, mantêm-se fechados sem se poderem visitar. Como podem ver pelo avançado da hora, já se comia qualquer coisita...estava a brincar, o relógio não funciona.

Ao longo da visita que terminou no Jardim Botânico, a meia centena de crianças que nunca nos largou, brincando numa liberdade invejavelmente inquietante, só deram por concluído o passeio quando viram o jovem Zé pendurado nas lianas.
A semana não terminou sem um belíssimo jantar em nossa casa, onde o Sr Embaixador, a Sancha, o Pedro e a delegação de trabalho do MAI/IPAD composta pelo Intendente Caldas e pelo Dr. Manuel Mendes foram as figuras centrais.

Com tolhas de mesa com motivos africanos, ao Calulu juntaram-se dois leitõezinhos- da produção do Comissário Domingos Papa - , que não podendo vir da Bairrada, foram assados na padaria Manuel Bernardo, que como o nome indica, pertence ou pertenceu a Portugueses.

Diário de 14 de Outubro a 22 de Outubro - S. TOMÉ

Para complementar os óptimos fins-de-semana que temos tido, iniciamos no mês de Outubro a ronda de jantares.

Em nossa casa, ou em casa de amigos, independentemente do dia da semana, apreciar Calulu de Peixe ou de Galinha (comprada e transportada viva no meu jipe, URGGG), Muqueca, Barriga de Andala ou Barracuda, seguida de pasteis de nata da pastelaria Cajú, tornou-se um habito salutar, alargado sempre aos amigos dos nossos amigos, que se encontram de visita a S.Tomé.


Entre escolas, compras no mercado (onde os ovos e a maioria dos legumes é vendida à unidade e a alface à folha), e o trabalho do Zé que funciona ainda em horário europeu, a semana vôo e rapidamente chegamos ao tão desejado Domingo – o dia em que nos estava prometido o nosso batismo de mergulho.

A convite do nosso amigo João Santos, belíssimo instrutor experiente em mergulho, partimos às 6:30 de barco da praia Lagarto, em direcção ao ilhéu das cabras, levando na lancheira um farto pic nic: um peixe enorme pescado na véspera e assado “au moment” numa gruta na ilha, como se da série “survivors” se tratasse, salada russa, panadinhos e um excelente bolo de chocolate..., tudo comidinho, antes das 11 badaladas da manhã.


Munidos de todo o equipamento de segurança e dada a mestria do instrutor, após uma breve lição teórica, eu, o Zé e a Kika (cada um a seu tempo) em menos de 15 minutos, respirávamos como peixes debaixo de água.



De descrição difícil, imaginar nadar dentro do enorme aquário do Oceanário do Parque das Nações, talvez seja a forma mais próxima de explicar o que vimos.

Do mergulho, em que as imagens falam por si, recebemos um lindíssimo presente, que vos enviamos, acompanhado de um grande beijinho dos nossos meninos.

Não mergulhando, mas não querendo ficar para traz, o Zezinho mostrou-nos pela primeira vez, ser capaz de se manter à tona da água, sem braçadeiras.

Antes de dar-mos por concluído este magnífico dia, o Zé seguido de imediato por 3 casais, subiu ao farol situado topo do ilhéu, e registou mais um lote de lindíssimas fotografias.


No regresso, por volta das 16h, parámos na praia Gamboa, deixando em casa um dos nossos tripulantes, o Marlin.